Ser mediana é ser boa o bastante para não ser ruim, mas nunca o suficiente para ser memorável.
Bonita, mas nunca de virar cabeças. Inteligente, mas sem gabaritar a prova. Sempre um passo à frente de uns, um passo atrás de outros. Nunca no topo, nunca no fundo—apenas ali, no meio. A pergunta que me persegue é: quando vou me destacar em alguma coisa?
Ser mediana é como ser medalha de prata, o quase, o “parabéns, você tentou”. É ser notada, mas nunca lembrada. É ouvir um elogio seguido de um “mas”.
E aí eu me pergunto: será que sou assim? Boa, mas nunca o bastante?
A mesma coisa acontece nos estudos. Eu me mato de estudar, viro noites, decoro fórmulas, faço resumo, simulado, resumo do simulado — e no fim? Um 7, talvez um 8. Se der sorte, um 9. Nunca um dez.
Eu sei que uma nota não define minha inteligência, muito menos minha capacidade. Mas será que um reconhecimento mínimo pelo esforço era pedir demais? Só uma vez, uma única vez, sentir que valeu a pena. Mas nem isso. Nunca o suficiente.
Sempre fui boa aluna. No fundamental, até dava para dizer que era uma das melhores. Mas nunca a melhor. Nunca primeiro lugar, nunca chamada para aulas extras, nunca destaque nas olimpíadas — apesar de ter me inscrito em várias. O resultado? Sempre o mesmo: nada.
No entanto, ser mediana também tem suas vantagens. Não sendo excepcional em nada, me dou ao luxo de ser razoável em várias coisas ao mesmo tempo.
Não sou a mais bonita, mas posso ser legal, engraçada, ter um papo interessante. Não sou a mais inteligente, mas pelo menos sei citar uns filmes e uns livros que fazem parecer que sou. Não sou a mais talentosa, mas consigo me virar em quase qualquer coisa que tento. Talvez seja essa a minha habilidade secreta: não brilhar em nada, mas também nunca ficar completamente no escuro.
Ser mediana significa nunca ser o centro das atenções, mas também nunca ser ignorada. Significa passar despercebida na multidão, mas sempre encontrar um jeito de estar ali, existindo, ocupando espaço. E talvez, só talvez, isso já seja alguma coisa.
Afinal, não tem como ser boa em tudo. A pessoa mais inteligente talvez dedique tempo demais aos estudos e seja um pouco cética, enquanto a engraçada pode não ser tão dedicada na escola. Ser múltipla é o que faz eu me destacar no meio de tantas caixinhas que a sociedade tenta nos encaixar. Estou nadando no meio de milhares de barquinhos, de diferentes cores, formatos, tamanhos... mas eu sou o arco-íris de forma e tamanho variáveis. E acho que assim, só assim, posso me sentir autossuficiente. E isso já é o bastante :)
Obrigada por lerem até aqui! Se fez sentido pra você, deixa um comentário ou só um coração já significaria muito pra mim.
Com carinho,
Lari 💌
Ah ser mediana… um sentimento que provavelmente todo mundo já sentiu, porem para alguns se tornou uma ideia impregnada. Óbvio já me chateei por me sentir mediana, mas sabe talvez seja bom assim?… São poucas as pessoas que são boas em tudo, parece que já nascem com esse dom. Para eu ser a melhor em algo tenho q me dedicar 100% para isso, logo não serei tão boa ou até mesmo “muito ruim” em outras coisas. Por exemplo: a garota que é a melhor no vôlei se dedicou MUITO para isso então talvez não seja a mais inteligente. Ser mediana acredito que pode ser algo das nossas cabeças, aceitar que sou boa já suficiente, mas claro q n dá para negar esse sentimento. Talvez entre ser ruim em tudo, e a melhor em poucas coisas eu prefira ser so boa em muitas coisas e acho q isso é o suficiente.
Talvez essa seja a maldição de quem sempre foi “quase”. Todo mundo sabe que ficar no pódio de 2° lugar é pior do que ficar em 3°, porque você chegou quase lá, quase brilhante, quase inesquecível, quase suficiente. Como se a vida me deixasse perto o bastante para sentir o gosto da grandeza, mas longe demais para tocar. E é frustrante, porque o esforço está lá. O desejo de ser mais, de ser vista, de ser lembrado, também. Mas, no fim, parece que o mundo não repara muito em quem flutua no meio do caminho. E nós piores casos, a comparação vem para terminar de arruinar tudo.